No dia vinte e seis de junho de dois mil e dezenove,
as 13hrs30min aconteceu uma reunião dos alunos do PIBID com o Supervisor
Francisco Odair na sala 209 ca1 do CFP/UFCG Campus Cajazeiras – PB.
Iniciamos a reunião com a leitura do texto
“Cachoeira é Baixa Grande ou Baixa Grande é Cachoeira?”, sendo que esse texto
foi produzido pelo Professor Supervisor Odair.
Em seguida, ocorreu o planejamento de algumas
atividades para os próximos meses. Sendo que também foi discutido sobre a
proposta da troca de turmas. Além disso, o professor trouxe algumas reflexões para
pensarmos em como trabalhar os conteúdos em sala de aula e a metodologia que
podemos utilizar.
Para finalizar, passou para os alunos do PIBID
fazerem um levantamento de recursos que irão ser utilizados durante o ano letivo.
Leitura
do texto: Cachoeira é Baixa Grande ou Baixa Grande é Cachoeira?
Em
busca de sobrevivência, tive que sair de minha terra Cachoeira dos índios,
quando ainda criança, juntamente com meus pais, para a região Sudeste do País.
Isso faz aproximadamente 50 anos. Sempre tive o desejo de voltar ao meu lugar
para rever meus parentes e assim reviver minhas lembranças de infância, tempo
precioso que marca nossas vidas. Disse minha mãe que vim ao mundo pelas mãos da
parteira Rosária que vieram pegar em Baixa Grande e quando criança
chorava muito ao ser vacinada, conta que uma vez cheguei a bater em Socorro
Olinto no posto de saúde. Sou do tempo em que havia muita comunicação entre
as pessoas, pois não existia ainda outro meio a não ser este, no entanto, tenho
o costume de perguntar o nome e origem das pessoas para me sentir segura e
saber onde estou, e descobrir a procedência de cada um. Resolvi voltar a minha
pequena e singela Cachoeira dos Índios, consegui comprar a passagem aérea por
um preço acessível até a capital João Pessoa e fui informada que existe
diariamente uma linha de ônibus de João pessoa até Cajazeiras, facilitando
assim o acesso até Cachoeira dos Índios. Como falei, sou muito curiosa e ansiosa, e ao entrar no ônibus falei ao motorista que
estava vindo à Cajazeiras, mas na verdade o destino final era Cachoeira dos
Índios, este logo falou: Ah! eu também sou de Cachoeira, na verdade sou de
Baixa Grande, filho de Pedro Francisco. Aí já me senti em casa. Ao
chegar na rodoviária de Cajazeiras fui até o ponto dos taxistas de Cachoeira
dos Índios e logo foram me acolhendo e pegando minhas bagagens. No percurso,
perguntei se o motorista era mesmo de Cachoeira dos Índios e ele respondeu: sou
de Baixa Grande, filho de Dão do finado Chãe, até aí tudo bem. Desde
infância, meus pais me falavam e sempre iam a Baixa Grande, principalmente no
período das safras das mangas. Chegando em Cachoeira, conforme combinado
encontrei minha prima que me aguardava na praça e aí foi só alegrias. Chegamos
em sua casa que fica na rua José Agostinho da Silva. Na verdade vim
participar de uma casamento da filha dela que aconteceria no final da semana
seguinte. Recebi pessoalmente o convite, olhei cada detalhe, até o nome da
gráfica, fiquei admirada em saber que o município se desenvolveu um pouco,
soube depois que a gráfica era de dois rapazes gêmeos de Baixa Grande.
Por conta da diferença de clima entre o Sudeste e Nordeste, eu gripei e aí
comecei a tossir também e até senti falta de ar, e comecei a ficar febril,
fiquei preocupada e perguntei se tinha atendimento médico e aí me falaram da
policlínica. Chegando lá, fui atendida e passei por procedimentos básicos e
perguntei ao profissional de saúde a sua procedência e este falou que era de
Baixa Grande, neto de seu Evangelista e Vicência. Por conta dos sentidos
estarem comprometidos não me adiantei na conversa. Enquanto estava lá chegou
uma pessoa passando mal e procuraram o motorista para levar até Cajazeiras e
ouvi uma pessoa falar: chama Lucas da Baixa Grande. Bem, fiquei melhor e
aí passei a cuidar dos preparativos para o casamento, e quando falei em arrumar
os cabelos, logo falaram: abriu um salão novo, de um menino lá da Baixa
Grande e está tendo umas promoções, logo fiquei convencida de que ia mesmo
até o local. Na véspera do dia do casamento, minha prima e sua filha, mesmo
diante da correria, me convidaram para ir na casa das costureiras de Baixa
Grande para os ajustes finais do vestido. Ao chegar, encontrei a casa como
era antigamente com a mesa dos santos na sala, o oratório e fiquei muito feliz,
perguntei o que tinha na comunidade e me falaram: posto de saúde, igreja,
associação, praça, cruzeiro, campo de
futebol, bares, padaria, bodegas, abastecimento de água, etc. Achei o máximo a
zona rural está bem dinâmica, bem melhor que antes. E o dia da cerimônia
chegou, fomos a Igreja, achei linda a ornamentação e perguntei se era alguém de
fora que realizava este trabalho e uma pessoa me disse: Não, é um rapaz da
Baixa Grande. E os minutos finais chegaram. Deu-se inicio a entrada dos
padrinhos, madrinhas, pais e noivos, ao som e música de um grupo bem afinado
que recepcionava a todos. Fiquei curiosa como sempre, em saber de onde era e
cochichei perguntei a uma pessoa que disse: É da Baixa Grande. Nesse
momento comecei a perceber o quanto esta palavra Baixa Grande soava na boca das
pessoas e não só por isso, era uma firmeza na afirmação que chegava a ficar de
boca cheia. Logo, entrou o padre, com voz mansa, humilde, acolhendo a todos
iniciando a celebração. Aí eu pensei comigo mesmo, duvido ser de Baixa Grande,
nunca ouvi falar ! Antes de terminar o casamento perguntei qual o nome do padre
e falaram Antônio Neto da Baixa Grande, aí me arrepiei, pois havia
duvidado, mas não disse nada a ninguém. Fomos para o local da recepção e foi
reconhecendo algumas das pessoas mais velhas que meu pai sempre falava. Mas
comecei a sentir um cheiro agradável que despertou em minha memória uma
lembrança, não sabia ainda o que remetia, mas era familiar. E aí fiquei ansiosa
que chegasse a hora do jantar e quando estava posta a comida na mesa, reconheci
os lombos e bolinhas de frango que meus pais sempre falavam. Diante da minha
análise, não foi preciso perguntar quem havia feito á comida pois já sabia e
tinha certeza que era feita por Zé de Joaquina da Baixa Grande. Mesmo
assim fui até a cozinha e o cumprimentei. Enquanto isso só os flash clareando
tudo através das fotografias, pelos detalhes, já se via que era uma
profissional e chamaram para ser fotografada também com os noivos e logo
disseram: pode tirar Valda e eu acrescentei: da Baixa Grande. A noiva
olhou para mim e disse: como sabe? Eu falei: desde que cheguei aqui, tudo é da
Baixa Grande. Fizeram- me uma gracinha,
e continuei a usufruir da festa. Chegou o momento do bolo que estava perfeito,
eu, meio duvidosa, sabendo do que fazem lá no sudeste, onde muitas vezes o bolo
é só de enfeite, fiquei meio receosa em perguntar, mas não contive e cochichei
no ouvido de uma moçinha que estava ao meu lado: é de verdade? Ele respondeu:
É, foi Viviane da Baixa Grande que fez. Pensei mas não falei: só falta
os pratos e talheres ser da Baixa Grande, kkk e era. As pessoas foram saindo e
como havíamos previsto, ficou só a família, comendo churrasco feito por Dé e
ouvindo musica ao vivo com Odailton voz e violão, ambos de Baixa Grande. Bem,
de agora em diante não precisa mais eu perguntar, nem ninguém me dizer, de onde
são as pessoas que estão em Cachoeira como:
·
frentistas dos postos de gasolina;
·
técnica em contabilidade da prefeitura;
·
engenheiros da prefeitura municipal;
·
técnicas de enfermagem dos laboratórios
clínicos;
·
donos de restaurantes da cidade;
·
atendentes e técnicos de enfermagem dos postos de saúde;
·
locutores da rádio cachoeira tropical
fm;
·
mecânicos em oficinas de moto;
·
Como auxiliares de serviços e merendeiras
da escola Maria Cândido de Oliveira;
·
Coordenador pedagógico da Secretaria
Municipal de Educação;
·
atendente do Sindicato dos trabalhadores
rurais;
·
gerente de loja de material de
construção;
·
proprietários de Mercadinho e loja de variedades;
·
professores das duas escolas da cidade,
municipal e estadual, sendo que a do Estado leva o nome de um baixa-grandense;
·
Secretário de Cultura do município;
·
Cabeleleiros em de salão de beleza;
·
chefe do setor da Junta Militar;
·
vendedores nas barracas de frutas;
·
membros das quadrilhas juninas;
E
agora já estou com a passagem de volta comprada, antes que eu precise dos
serviços do Coveiro da cidade, que eu não quero saber de onde ele é. Só sei que
é Geraldo. E volto com uma grande dúvida?
Cachoeira
é Baixa Grande ou Baixa Grande é Cachoeira?
Ao
chegar em casa, comentei tudo com meus filhos e tenho uma, com minhas
características. Logo colocou no google Baixa Grande, Cachoeira dos Índios- PB
e apareceu:
REPRODUÇÃO
SOCIAL DO CAMPESINATO DA COMUNIDADE BAIXA GRANDE, CACHOEIRA DOS ÍNDIOS, onde está registrado parte desta
história e outras mais vividas nesse lugar. Minha filha perguntou: o que tem
nesse lugar?
Respirei
fundo, meditei e respondi:
O
ESPÍRITO SANTO DE DEUS.
Produzido
por Francisco Odair Dantas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário