sexta-feira, 1 de maio de 2020

Semana de 24 a 28/06/2019 -


No dia vinte e seis de junho de dois mil e dezenove, as 13hrs30min aconteceu uma reunião dos alunos do PIBID com o Supervisor Francisco Odair na sala 209 ca1 do CFP/UFCG Campus Cajazeiras – PB.
Iniciamos a reunião com a leitura do texto “Cachoeira é Baixa Grande ou Baixa Grande é Cachoeira?”, sendo que esse texto foi produzido pelo Professor Supervisor Odair.
Em seguida, ocorreu o planejamento de algumas atividades para os próximos meses. Sendo que também foi discutido sobre a proposta da troca de turmas. Além disso, o professor trouxe algumas reflexões para pensarmos em como trabalhar os conteúdos em sala de aula e a metodologia que podemos utilizar. 
Para finalizar, passou para os alunos do PIBID fazerem um levantamento de recursos que irão ser utilizados durante o ano letivo.



Leitura do texto: Cachoeira é Baixa Grande ou Baixa Grande é Cachoeira?


Em busca de sobrevivência, tive que sair de minha terra Cachoeira dos índios, quando ainda criança, juntamente com meus pais, para a região Sudeste do País. Isso faz aproximadamente 50 anos. Sempre tive o desejo de voltar ao meu lugar para rever meus parentes e assim reviver minhas lembranças de infância, tempo precioso que marca nossas vidas. Disse minha mãe que vim ao mundo pelas mãos da parteira Rosária que vieram pegar em Baixa Grande e quando criança chorava muito ao ser vacinada, conta que uma vez cheguei a bater em Socorro Olinto no posto de saúde. Sou do tempo em que havia muita comunicação entre as pessoas, pois não existia ainda outro meio a não ser este, no entanto, tenho o costume de perguntar o nome e origem das pessoas para me sentir segura e saber onde estou, e descobrir a procedência de cada um. Resolvi voltar a minha pequena e singela Cachoeira dos Índios, consegui comprar a passagem aérea por um preço acessível até a capital João Pessoa e fui informada que existe diariamente uma linha de ônibus de João pessoa até Cajazeiras, facilitando assim o acesso até Cachoeira dos Índios. Como falei,  sou muito curiosa e ansiosa, e  ao entrar no ônibus falei ao motorista que estava vindo à Cajazeiras, mas na verdade o destino final era Cachoeira dos Índios, este logo falou: Ah! eu também sou de Cachoeira, na verdade sou de Baixa Grande, filho de Pedro Francisco. Aí já me senti em casa. Ao chegar na rodoviária de Cajazeiras fui até o ponto dos taxistas de Cachoeira dos Índios e logo foram me acolhendo e pegando minhas bagagens. No percurso, perguntei se o motorista era mesmo de Cachoeira dos Índios e ele respondeu: sou de Baixa Grande, filho de Dão do finado Chãe, até aí tudo bem. Desde infância, meus pais me falavam e sempre iam a Baixa Grande, principalmente no período das safras das mangas. Chegando em Cachoeira, conforme combinado encontrei minha prima que me aguardava na praça e aí foi só alegrias. Chegamos em sua casa que fica na rua José Agostinho da Silva. Na verdade vim participar de uma casamento da filha dela que aconteceria no final da semana seguinte. Recebi pessoalmente o convite, olhei cada detalhe, até o nome da gráfica, fiquei admirada em saber que o município se desenvolveu um pouco, soube depois que a gráfica era de dois rapazes gêmeos de Baixa Grande. Por conta da diferença de clima entre o Sudeste e Nordeste, eu gripei e aí comecei a tossir também e até senti falta de ar, e comecei a ficar febril, fiquei preocupada e perguntei se tinha atendimento médico e aí me falaram da policlínica. Chegando lá, fui atendida e passei por procedimentos básicos e perguntei ao profissional de saúde a sua procedência e este falou que era de Baixa Grande, neto de seu Evangelista e Vicência. Por conta dos sentidos estarem comprometidos não me adiantei na conversa. Enquanto estava lá chegou uma pessoa passando mal e procuraram o motorista para levar até Cajazeiras e ouvi uma pessoa falar: chama Lucas da Baixa Grande. Bem, fiquei melhor e aí passei a cuidar dos preparativos para o casamento, e quando falei em arrumar os cabelos, logo falaram: abriu um salão novo, de um menino lá da Baixa Grande e está tendo umas promoções, logo fiquei convencida de que ia mesmo até o local. Na véspera do dia do casamento, minha prima e sua filha, mesmo diante da correria, me convidaram para ir na casa das costureiras de Baixa Grande para os ajustes finais do vestido. Ao chegar, encontrei a casa como era antigamente com a mesa dos santos na sala, o oratório e fiquei muito feliz, perguntei o que tinha na comunidade e me falaram: posto de saúde, igreja, associação, praça,  cruzeiro, campo de futebol, bares, padaria, bodegas, abastecimento de água, etc. Achei o máximo a zona rural está bem dinâmica, bem melhor que antes. E o dia da cerimônia chegou, fomos a Igreja, achei linda a ornamentação e perguntei se era alguém de fora que realizava este trabalho e uma pessoa me disse: Não, é um rapaz da Baixa Grande. E os minutos finais chegaram. Deu-se inicio a entrada dos padrinhos, madrinhas, pais e noivos, ao som e música de um grupo bem afinado que recepcionava a todos. Fiquei curiosa como sempre, em saber de onde era e cochichei perguntei a uma pessoa que disse: É da Baixa Grande. Nesse momento comecei a perceber o quanto esta palavra Baixa Grande soava na boca das pessoas e não só por isso, era uma firmeza na afirmação que chegava a ficar de boca cheia. Logo, entrou o padre, com voz mansa, humilde, acolhendo a todos iniciando a celebração. Aí eu pensei comigo mesmo, duvido ser de Baixa Grande, nunca ouvi falar ! Antes de terminar o casamento perguntei qual o nome do padre e falaram Antônio Neto da Baixa Grande, aí me arrepiei, pois havia duvidado, mas não disse nada a ninguém. Fomos para o local da recepção e foi reconhecendo algumas das pessoas mais velhas que meu pai sempre falava. Mas comecei a sentir um cheiro agradável que despertou em minha memória uma lembrança, não sabia ainda o que remetia, mas era familiar. E aí fiquei ansiosa que chegasse a hora do jantar e quando estava posta a comida na mesa, reconheci os lombos e bolinhas de frango que meus pais sempre falavam. Diante da minha análise, não foi preciso perguntar quem havia feito á comida pois já sabia e tinha certeza que era feita por Zé de Joaquina da Baixa Grande. Mesmo assim fui até a cozinha e o cumprimentei. Enquanto isso só os flash clareando tudo através das fotografias, pelos detalhes, já se via que era uma profissional e chamaram para ser fotografada também com os noivos e logo disseram: pode tirar Valda e eu acrescentei: da Baixa Grande. A noiva olhou para mim e disse: como sabe? Eu falei: desde que cheguei aqui, tudo é da Baixa Grande. Fizeram- me  uma gracinha, e continuei a usufruir da festa. Chegou o momento do bolo que estava perfeito, eu, meio duvidosa, sabendo do que fazem lá no sudeste, onde muitas vezes o bolo é só de enfeite, fiquei meio receosa em perguntar, mas não contive e cochichei no ouvido de uma moçinha que estava ao meu lado: é de verdade? Ele respondeu: É, foi Viviane da Baixa Grande que fez. Pensei mas não falei: só falta os pratos e talheres ser da Baixa Grande, kkk e era. As pessoas foram saindo e como havíamos previsto, ficou só a família, comendo churrasco feito por Dé e ouvindo musica ao vivo com Odailton voz e violão, ambos de Baixa Grande. Bem, de agora em diante não precisa mais eu perguntar, nem ninguém me dizer, de onde são as pessoas que estão em Cachoeira como:
·         frentistas dos postos de gasolina;
·         técnica em contabilidade da prefeitura;
·         engenheiros da prefeitura municipal;
·         técnicas de enfermagem dos laboratórios clínicos;
·         donos de restaurantes da cidade;
·         atendentes e  técnicos de enfermagem dos postos de saúde;
·         locutores da rádio cachoeira tropical fm;
·         mecânicos em oficinas de moto;
·         Como auxiliares de serviços e merendeiras da escola Maria Cândido de Oliveira;
·         Coordenador pedagógico da Secretaria Municipal de Educação;
·         atendente do Sindicato dos trabalhadores rurais;
·         gerente de loja de material de construção;
·         proprietários de Mercadinho e  loja de variedades;
·         professores das duas escolas da cidade, municipal e estadual, sendo que a do Estado leva o nome de um baixa-grandense;
·          Secretário de Cultura do município;
·          Cabeleleiros em  de salão de beleza;
·          chefe do setor da Junta Militar;
·         vendedores nas barracas de frutas;
·         membros das quadrilhas juninas;
E agora já estou com a passagem de volta comprada, antes que eu precise dos serviços do Coveiro da cidade, que eu não quero saber de onde ele é. Só sei que é Geraldo. E volto com uma grande dúvida?
Cachoeira é Baixa Grande ou Baixa Grande é Cachoeira?
Ao chegar em casa, comentei tudo com meus filhos e tenho uma, com minhas características. Logo colocou no google Baixa Grande, Cachoeira dos Índios- PB e apareceu:
REPRODUÇÃO SOCIAL DO CAMPESINATO DA COMUNIDADE BAIXA GRANDE, CACHOEIRA DOS ÍNDIOS,           onde está registrado parte desta história e outras mais vividas nesse lugar. Minha filha perguntou: o que tem nesse lugar?
Respirei fundo, meditei e respondi:
O ESPÍRITO SANTO DE DEUS.

Produzido por Francisco Odair Dantas.



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